terça-feira, 12 de novembro de 2013

Simples

Gosto das coisas simples...
Pouca coisa me basta e assim sigo feliz.
O simples abrir do portão do seu prédio e olhar você despontar,
Tentando adivinhar a cor do seu vestido esta noite.
O singelo sorriso que você dá das minhas piadas,
Aquele tom de alegria que não encontro em outro lugar.

O ritmo complexo do seu coração.
Me deixa perplexo e me faz tão feliz.
Olhar pra você dormindo, tão linda, e nem perceber que estou ali,
A suspirar e guardar cada momento na memória.
As coisas que você faz, o jeito que é só seu,
Só me deixam mais e mais, ansiando por você.

Sei que o tempo vai passar e não sei o que virá,
Mas, agora eu só penso, que eu só penso em você.
Pode o mundo acabar, ou o universo todo mudar.
Mas, de uma coisa é certa: gosto muito de você
Como há muito tempo não imaginei, sentir o que sinto,

E tudo isso aconteceu, quando aconteceu “você”.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Roteiro de um romance que se foi

Já faz um tempo que não te vejo
Ainda assim sinto seu abraço em mim
Seus beijos todos me fizeram louco
E acabei num beco sem fim.

Agora o que resta é quase pouco
Pra ficar muito tempo com você

Sei que essa história já foi escrita
Mas, não custa nada ler outra vez
Páginas repetidas que completam o livro
O erro era meu, mas foi você quem fez

Queria parar aquele momento
E ter a certeza que o universo era um só
Pois, para mim a noite era apenas você
E nada podia ser melhor.

E agora o pouco é muito pouco
E pouco é muito tempo com você

Sei que essa história já foi escrita
Mas, não custa nada ler outra vez
Páginas repetidas que completam o livro
O erro era meu, mas foi você quem fez

Te encontrar de novo, me fez repensar
Que recomeçar não pode ser tão mal.
Nem sempre as coisas são tão simples.

Se o roteiro é bom, o filme pode ser legal

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Texto no teto


Apenas um texto no teto.
Desses que você esquece que está ali.
Se acostuma a vê-lo sempre no mesmo lugar que já não consegue reparar o que havia nele.
Era uma recordação de um amor que se passou?
Era uma mágoa profunda, machucado leve ou uma lágrima?
Depois de tanto tempo com ele ali, ficou difícil ter a coragem para cutucá-lo.
Como o baú de fotografias empoeirado com aquelas lembranças tão antigas da infância que ataca a alergia.
Vamos lá! Espirrá-lo de uma vez não pode ser tão mal, nem tão ilegal, ou imoral.

Peraí! Pra onde ele foi? Como era mesmo... tinha aquele começo que dizia umas coisas confusas... e tinha aquela frase de efeito no final... Começava mais ou menos assim: “Apenas um texto no teto...”

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O desencontro do cravo e da rosa



I
O botão de rosa...

Era uma vez um botão de rosa.
Que como tantos outros era belo,
Mas este, era diferente, especial.

Seu perfume era irresistível, arrebatador.
Bastava sentir uma vez, para jamais o esquecer.
Suas pétalas eram ainda mais coloridas,
Cada um de seus belos talentos, a todos encantava e atraía.
Seu coração era forte, mas ao mesmo tempo bondoso.
Tratava a todos com respeito, mas sem faltar com a siceridade.

Até que sua fragrância alcançou outras flores e jardins,
Que queriam estar perto desta, que era chamada incomparável.
Mas, a alguém encantou ainda mais...

II 
O cravo solitário

Havia um cravo em um jardim tão distante.
Só se preocupava em crescer, desenvolver.
Mas, vivia em um canto muito solitário.

Seus sonhos eram grandes, mas sozinho não os alcançava.
Possuía um coração bom, que o impulsionava,
Conhecia muitas flores, mas, nenhuma lhe chamava a atenção.
Pareciam as mesmas, tão entediantes e iguais,
Não encontrava perfumes que se comparavam ao seu,
Nem cores que lhe tocavam, ou se faziam notar.

Até que um dia, sentiu um perfume especial, uma cor nunca vista.
Ao lado desta flor ele queria estar, mesmo que fosse por instantes.
E por ela, ele se encantou e ali se jogou...

III 
O desencontro

Tudo começou ao acaso, era uma tarde como tantas outras.
Estavam em um mesmo jardim, e sem perceber se encontraram.
Se esbarraram sutilmente, se conheceram.

O Cravo se aproximou, e se jogou.
Aquele encontro o fez rodar, jamais havia se encantado tanto por uma flor.
A Rosa até gostou, era bom ter alguém como ele por perto.
O encontro a fez repensar muitas coisas, e pensar em tantas outras.

Ele se encantou tanto por ela, que a quis apenas para si.
Tentou segurá-la, prendê-la. Mas, não era assim que havia de ser.
Ela se assustou, disse que não era o momento em si.
Pediu espaço para a luz, o ar, o céu. Não era assim que devia ser.

O espaço maltratou a ambos e de alguma forma perto queriam ficar.
Decidiram se ver de vez em quando, compartilhar o sol, olhar a lua.
O Cravo queria mais, mas sabia que era assim que haveria de ser.

A Rosa não queria pensar nisso e assim acabou sendo.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Sofrer por antecipação

O que fazer quando não se sabe o que fazer
Para evitar o possível sofrer, que ao certo pode ser que acontecerá?

Lutar, pelo que se quer e ver que ainda há tempo
Para mudar o que se quis esquecer, mas o coração diz que não.

Correndo pelo vento, atirando o horizonte, nadando nas paredes,
Escalar contra a maré quando o dia vai raiando e a agonia começando.

É tanto que se passa na cabeça nessas horas e eu só queria ir embora
Pra tentar ver o que vai dar, diante do que vai se passar.


Essa hora que não chega e o medo que se apossa, como se nem tudo fosse acontecer

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Meu pai me deu quase nada...


É difícil nascer em uma família grande.
Muitos irmãos para dividir afeto e os bens materiais.
Lembro que queria sempre mais mistura, refrigerante.
Meu pai me dava quase nada. Ele dizia que tinha que sobrar para todo mundo.

Fui crescendo e queria mais e mais coisas.
Queria um videogame, queria bebidas, mas ele não me dava.
Ele haviam outras coisas mais importantes para se investir o dinheiro.

Depois queria um carro, roupas de grife, dinheiro...
Ele não me dava. Dizia que eu precisava arrumar um trabalho e comprar minhas coisas.

E o pior de tudo, ele não parecia ligar para o que eu fazia.
Arrumava briga na escola, ia para a diretoria, ele só brigava um pouco e me deixava. quieto.
Chegava tarde em casa, às vezes um pouco alto e ele fazia de conta que não tinha visto.
Mas, toda vez que ia sair de casa, me dizia pra "ter juízo". Ficava esperando até eu chegar, mesmo que isso fosse às 7 da manhã!

Quis ir para o seminário, me deixou ir sem muitas perguntas.
Quis sair, me aceitou de volta como se fosse a melhor coisa que tinha acontecido.
Fui pra faculdade, nem quis saber qual o curso que eu ia fazer. Falou que estava feliz com aquilo que eu quisesse.
Resolvi largar um emprego estável de 3 anos, e ir embora de perto dele, me incentivou bastante.
Até pensei que queria que eu fosse embora de sua casa.

Hoje, ele resolveu ir embora.
Com sua teimosia e jeito de fazer as coisa à sua própria maneira.
Não quis se despedir. Não esperou todo mundo estar perto.
Não conseguiu contar a sua biografia que ele tanto queria.
Mas, começo a perceber que ele não se foi realmente.

Seu modo de ensinar as coisas, de fazer com que se dê valor a vida e todas as coisas.
A honestidade cega, que perdoa a todos, esquece os erros e ama cada um independente de seu erros.
O carinho que não cobra, que está sempre disponível e é sempre compreensível.
Velho, você vai fazer muita falta!
Quem eu vou chamar de Zé Lopes, véinho, PAI?
Espero que eu possa ser metade do homem que o senhor foi.
Que eu possa ensinar para os meus filhos, metade das lições que o senhor nos ensinou.
Que eu possa ser metade do amigo atencioso e amoroso que o senhor era com todas as pessoas.
Porque assim, serei ao mínimo um pouco como o senhor, pois sei que jamais conseguirei ser melhor.
Meu pai me deu quase nada. Mas me ensinou tudo!

O senhor foi e sempre será meu herói e maior exemplo!
Que bom que conseguimos viver um lindo dia dos pais com toda a família, como era antes dessas coisas ruins acontecer!

Vai com Deus e olha para a gente, pois precisamos muito!

José A. Lopes Pereira *04/02/1939 +14/08/2012




(Texto escrito em 14/08/2012)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A Queda


Sinto o vento contra o meu corpo, só a escuridão a me iluminar.
Como se o chão ficasse mais perto, a me esperar.
Nem sob os meus membros eu tenho controle, a dor me invade a dilacerar.
Talvez eu esteja ficando louco, mas não sei como me salvar.

Quem vai me ajudar?
Quem vai me segurar?
Só ouço risos lá do chão.
Será que existe alguém que vai me dar a mão?

Como se a faca não fosse o bastante, eu levo um tiro sem sentir.
Depois do apogeu, o espetáculo tem que ter um fim.
Só dei bem mais do que eu podia, ainda assim não foi bastante.
Será que esse é o fim, ou apenas um instante?

Quem foi que me empurrou?
Qual a mão que me negou?
O que me espera é o chão.
Existe tempo de voltar, ou me joguei em vão?